domingo, 31 de agosto de 2008

Gato 2

Gato

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
(em Poesias de Fernando Pessoa)

domingo, 3 de agosto de 2008

Metamorfose




Uma vez fiz um pedido, Uma oração a Deus,
Queria ser belo, e voar livremente pelo céu.

Um dia quando acordei,
Não conseguia ficar de pé.
Foi quando me arrastei,
E perguntei: Como é?

Foi castigo de Deus,
Por ser tão vaidoso!
Se Ele ama os seus,
Porque não me faz airoso?

Sou comprido e verde,
E só consigo me arrastar,
Em que bicho tão feio,
Me foi transformar?

Continue sem consigo voar!

Desilusão das desilusões,
Contristado fiquei,
Ao Pai das constelações,
Porquê? Perguntei.

Não obtive resposta,
Continuei meu caminho,
Uma vida disposta,
Isolado e sozinho.

No fim da Primavera,
Construí uma casa…
De seda; uma quimera,
Era comprida e rasa.

Numa linda manhã.
Do sol me abriguei,
E quando me deparei,
A metamorfose enfrentei.

Já era belo e voava,
Deus ouviu a minha prece,
Não se dúvida de Deus…
Não se julga o que parece.

Obrigado meu Deus,
Por uma vida tão bela!
Ele ouve os seus,
Que tem uma vida singela.

(eu autor)